Usar a internet para se
auto diagnosticar é uma prática cada vez mais comum. Apesar dos problemas que
isso pode trazer, cabe aos profissionais de saúde integrarem essa ferramenta
com o tratamento do paciente. A internet é uma rica fonte de informação, no entanto,
nem sempre as informações contidas nela são confiáveis. Mas a busca de
informações sobre a própria saúde mostra uma atitude de decisão e tomada de
conhecimento da pessoa sobre a sua própria condição.
Essa tendência vem se
desenvolvendo desde o início dos anos 90, enquanto nos anos 70, 60 o poder de
decisão era completamente centrado no profissional, ficando o paciente sujeito
às suas vontades, no início dos anos 80 esse quadro começou a mudar, quando o
paciente era informado mais detalhadamente sobre sua condição, isso evoluiu nos
anos 90 e na nossa época atual, a tendência é fazer do paciente um promotor
ativo da própria saúde.
Isso muda o foco da “cura
da doença” para a “manutenção da saúde”, assim, existe uma procura pelo
desenvolvimento de comportamentos funcionais da pessoa, para que ela seja a
responsável pelas decisões de seu tratamento, que devem ser tomadas de forma
consciente. Além disso, levar em
consideração o círculo social, como família e amigos, permite que a adesão ao
tratamento seja maior e evita preconceitos e concepções erradas sobre o estado
da pessoa. Diminuindo a chance de haver uma estigmatização da condição do
paciente.
Por isso é necessária à
integração da internet junto à educação do tratamento para os pacientes, pois no
outro extremo dessa linha de benefícios, existe a consulta de fontes não confiáveis,
por vezes equivocadas, que podem atrapalhar significativamente o tratamento. A
criação de expectativas irrealistas, tanto positivas como negativas, bem como a
concepção da falta de necessidade do profissional, por acreditar que apenas a
consulta à internet e a auto medicação pode reverter o quadro.
Esses fatores tornam a
inclusão da internet, por parte dos profissionais, para educação dos pacientes,
um fator significativo para promoção da saúde. Indicando sites confiáveis, que
possuam informações de fácil compreensão e que possuam dados confiáveis, o
profissional pode fazer o acompanhamento dessa educação. Assim, ambos, paciente
e profissional desenvolvem uma compreensão humanizada do caso. Entendendo a
condição do paciente como única, que apesar dos possíveis sintomas globais,
existe a particularidade das características do paciente, compreendendo a
pessoa para além da doença.
A humanização permite o
tratamento de cada paciente como um caso único, facilitando uma possível reestruturação
cognitiva, acomodando uma nova identidade. Mudando a forma como esse compreende
o mundo e age nele. A pessoa não se compreende apenas como doente, mas alguém
que busca a própria condição de saúde. Em casos crônicos, pode haver o
desenvolvimento de uma rede de apoio através da internet, com o compartilhamento
de experiências, havendo o acolhimento do próprio sofrimento e do sofrimento do
outro. A conciliação da educação através da internet, com o tratamento pode
gerar benefícios, mas é necessário que haja integração por ambas as partes. Nem
o profissional requerer isso de quem não faz uso da internet, bem como o
paciente fazer uso dessa ferramenta e o profissional rejeitá-la, acarretando
uma postura dominante.
Referências:
Bastos, B. G; Ferrari, D.V; Internet e Educação ao Paciente. Arq. Int. Otorrinolaringol. São Paulo, V. 15, n.4, 2011.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-48722011000400017&lang=pt